O cheiro do pão acabado de cozer, com a sua pitada de sal, a
puxar o sabor.
O bacalhau assado e o azeite fervente, com alho, a regá-lo,
a rescender.
A aguardente de cana que veio do Brasil há décadas e que
hoje foi aberta, depois de rolada a garrafa na mão aberta, com cuidado, a ler o
rótulo, a admirar o selo ainda colado sobre a rolha.
A máquina Singer que irá de novo costurar, e as mulheres de
várias idades à procura dos antigos gestos que o engenho aguarda.
As vagens do feijão encarnado a secarem ao Sol, prontas para
a debulha.
A intimidade que só o Outono convoca e que me põe o passo
lento, a voz mais baixa. Dos olhos, nem é bom falar.
Licínia Quitério