Numa pequena aldeia do litoral, ao fim da tarde, uma velha
senhora foi violentamente agredida por um intruso que procurava dinheiro. Uma
filha que com ela vive conseguiu pedir socorro que apareceu prontamente. Um
jovem vizinho imobilizou o assaltante que foi levado pelas autoridades. A
senhora está no hospital, foi operada e, como se diz, está estável. O que me
ficou da notícia foi a eficácia da vizinhança, o pronto socorro, a ajuda, a
comoção. Na aldeia todos se conhecem e são quase todos familiares que entre si
trocam produtos das terras que ainda vão amanhando, que velam pela segurança
dos mais velhos, que acolhem visitantes e dizem, leve estas florinhas, prove lá
esta pinga. Não são perfeitos, são humanos, vivem em casas baixas, conhecem a
aldeia e a vila próxima, mas são de lá, da terra pequena de campos arejados. É
o sentimento identitário que os vai salvando, dos assaltantes, da solidão, da
indiferença das novas selvas. Estou há horas a pensar nisto. Coisas minhas, sem
importância.
Licínia Quitério
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