A gente vai e abraça os conhecidos e mais os outros que aparecem para uma conversa sobre a vida e sobre os livros e os projectos de mais vida e de mais livros. São falas em várias línguas, em redor de uma mesa, onde se vai comendo e falando e falando mais do que comendo, não porque as iguarias não sejam boas, mas porque todos têm vontade e pressa de falar. Todos menos eu que oiço mais do que falo, por condição e defeito e também porque me encanta ouvir o que dizem, procurar entender todo um vocabulário muito rico de construções e modulações, numa orquestra a muitas vozes, muitos risos, muitas exclamações.
A gente volta com os ecos das palavras preciosas, vibrantes,
guardadas no ouvido interno, por uns tempos, talvez segundos, talvez meses,
enquanto o coração lhes der guarida.
Quem regressa é sempre o outro, diferente do que foi,
acrescentado, provavelmente melhor.
Licínia Quitério