Pesava, se
pesava, o balde de plástico azul, cheio de pequenas maçãs. Quase tanto pesava,
se pesava, o saco com verduras, de mistura com batatas e cebolas. Longe ficava,
se ficava, a loja conveniente aberta também aos domingos. Perigosa, se o era, a
travessia da rua, os carros para baixo e para cima, e, ainda pior, o
cruzamento, nunca se sabia de que lado iam aparecer os malvados carros. A rua
empinava, se empinava, dali até à porta de casa.
Houve que
descansar, pois houve. Encostou-se ao poste dos anúncios, poisou o balde, o
saco. Bom seria, isso nem se fala, ficar ali para sempre, a apanhar o sol da
manhã, deixar-se escorregar até ao chão, entre o balde e o saco. Os carros para
baixo e para cima, zzzzz, zzzzzz, a dar-lhe sono, a fazê-lo fechar os olhos.
Avôzinho,
precisa de ajuda. Não, senhor, agradecido.
Dobrou-se,
pegou no balde, no saco. Pesavam, se pesavam. A porta de casa já à vista. Era
só subir mais uns metros da rua que empinava, se empinava.
Ajuda, qual
ajuda, sou algum velho, algum inútil?
Licínia Quitério
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