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20.2.18

PESAVA, SE PESAVA...


Pesava, se pesava, o balde de plástico azul, cheio de pequenas maçãs. Quase tanto pesava, se pesava, o saco com verduras, de mistura com batatas e cebolas. Longe ficava, se ficava, a loja conveniente aberta também aos domingos. Perigosa, se o era, a travessia da rua, os carros para baixo e para cima, e, ainda pior, o cruzamento, nunca se sabia de que lado iam aparecer os malvados carros. A rua empinava, se empinava, dali até à porta de casa.
Houve que descansar, pois houve. Encostou-se ao poste dos anúncios, poisou o balde, o saco. Bom seria, isso nem se fala, ficar ali para sempre, a apanhar o sol da manhã, deixar-se escorregar até ao chão, entre o balde e o saco. Os carros para baixo e para cima, zzzzz, zzzzzz, a dar-lhe sono, a fazê-lo fechar os olhos.
Avôzinho, precisa de ajuda. Não, senhor, agradecido.
Dobrou-se, pegou no balde, no saco. Pesavam, se pesavam. A porta de casa já à vista. Era só subir mais uns metros da rua que empinava, se empinava.

Ajuda, qual ajuda, sou algum velho, algum inútil?

Licínia Quitério

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